terça-feira, 18 de maio de 2010
Relatos de um Assassino
A entrevista a seguir (depois de uma breve apresentação do personagem) contém descrições frias e minuciosas de um assassino, cuja expressão calma e simples jamais o denunciaria.
O “dono do gato preto” como é conhecido, Antonio Boaventura conta em uma entrevista exclusiva como ocorreram os crimes domésticos.
O dono do gato preto, 50 anos, olhos e cabelos claros, estatura favorecida pela hereditariedade dos avós alemães legítimos ,cabelos bem cuidados,pois embora estivesse em um lugar hostil matinha sempre sua atenção voltada para si mesmo.Morava com sua esposa no município de Aurora a 350 Km da capital.
Antonio Boaventura junto com sua esposa criava vários animais, segundo alguns vizinhos, o casal tinha feição pelos bichos como se fossem gente da própria família. A convivência “familiar” era esporadicamente harmônica, o alcoolismo que possuía o Sr. Antonio, despertava uma fúria incontrolável, a ponto de agredir fisicamente aqueles que compartilhavam o lar, inclusive sua mulher, criatura que possuía sentimentos puros e humanos.
Repórter (RER)
Sr.Antonio Boa ventura (Sr. Boa)
RER- Sr. Boa ventura estas preso desde o final de 2008,este tempo todo manteve-se em “silencio”,por que decidiu relatar os fatos agora, há quase dois anos?
Sr. Boa- Veja bem jovem! Não espero nem solicito do leitor para não extraordinária e, no entanto tão familiar historia que vou contar. Louco seria esperá-lo, num caso cuja evidencia ate os meus próprios sentidos se recusam a aceitar. No entanto não estou louco, e com toda certeza que não estou a sonhar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar hoje o meu espírito.
RER- O Sr. E sua esposa possuíam muitos animais domésticos,peixe dourados,coelhos,pássaros,um macaquinho,um cão e um gato. O que despertava o carinho por eles? Tinha algum especial?
Sr. Boa- Já na minha infância era notado pela docilidade e humanidade do meu caráter .Tinha uma especial afeição pelos animais e os meus pais permitiam-me possuir uma grande variedade deles. Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predileto e companheiro de brincadeiras.
RER- Pelo seu depoimento dado a policia, este gato, Plutão foi a sua primeira vitima, o que o levou acometer tal ação, já que ele era uma boa companhia?
Sr. Boa- A nossa amizade durou assim vários anos, durante os quais o meu temperamento e o meu caráter sofreram uma alteração radical.De dia para dia me tornava mais irritável,mais indiferente aos outros. Permiti-me a usar de uma linguagem brutal com minha mulher, com o tempo cheguei até a usar de violência. Evidentemente que os meus pobres animaizinhos sentiram a transformação do meu caráter. Não tinha escrúpulos em maltratar os coelhos, o macaco e até o cão. Até o próprio Plutão, que estava a ficar velho,começou a sentir os efeitos do meu caráter perverso.
Mas a doença tomava conta de mim- pois que doença se assemelha a do álcool?
RER- o Sr. Poderia dizer quais ações utilizou para matar o animal?
Sr. Boa- Certa noite ,ao regressar a casa, completamente embriagado,pareceu-me que o gato evitava a minha presença.Apanhei-o,e ele, horrorizado com a violência do meu gesto ,feriu-me ligeiramente na mão com os dentes. Uma fúria dos d4emonios imediatamente se apossou de mim, e uma ruindade mais do que demoníaca, fazia estremecer cada uma das fibras do meu corpo. Tirei um canivete, abrio-o, agarrei o pobre animal pelo pescoço e, deliberadamente, arranquei-lhe um olho da orbita.
RER- Que sensação tomou conta do Sr. após o ocorrido?
Sr. Boa- Quando,com a manhã,me voltou a razão, experimentei um sentimento de remorso pelo crime que tinha cometido.
RER- Reconhecendo as conseqüências do alcoolismo o Sr. Tentou um tratamento?
Sr.Boa- Voltei a mergulhar nos excessos.e depressa afoguei-me no álcool toda a recordação do ato.
RER- A tentativa de matar Plutão não foi bem sucedida, pois alguns vizinhos o avistaram vagueando pelo ambiente de sua casa. Quando o Sr. Reencontrou o animal sentiu-se arrependido?
Sr.Boa- Restava-me ainda o suficiente do meu velho coração para sentir agravado por esta evidente antipatia da parte de um animal que outrora tanto gostara de mim .Em breve este sentimento deu lugar a irritação .Foi este anseio insondável da alma por ser atormentar,que me forçou a continuar a maldade que infligir ao inofensivo animal.
RER- Esta dizendo que tentou matar o animal novamente? Como?
Sr.Boa- Certa manhã, sangue frio,passei-lhe um fio corredio ao pescoço e enforquei-o no ramo de uma arvore,enforquei-o com lagrimas a saltarem dos olhos e com mais amargo remorso no coração.
RER- A sua mulher, segundo conhecidos, era um tanto supersticiosa. E o fato de não descobrirem até hoje a causa do incêndio, despertou essa idéia sobrenatural?
Sr. Boa- Minha mulher fazia freqüentes alusões a crença popular que considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer que falar deste assunto a serio. Coincidentemente na noite do próprio dia em que este ato cruel foi perpretado, a cortina da minha casa estava em chamas. A destruição foi completa. Todos os meus bens materiais foram destruídos, e daí em diante mergulhei no desespero.
RER- O Sr. Voltou ao local do incidente?
SR. Boa- Nos dias que sucederam ao incêndio,visitei as ruínas.Algo chamou a minha atenção,as paredes a exceção de uma,tinha abatido por dentro.A minha curiosidade foi despertada pelas palavras “estranho”,”singular” .Aproximei-me , a figura de um gato gigantesco. A imagem estava desenhada com uma precisão realmente espantosa. Em volta do pescoço do animal estava uma corda.
RER- E qual foi sua reação ?
Sr. Boa – Mal vi a aparição ,pois nem podia pensar que de outra coisa se tratasse,o meu assombro e o meu terror foram imensos. Durante meses não conseguia libertar-me do fantasma do gato.
RER-È verdade que o Sr. Por algum tempo buscava um outro animal semelhante?
Sr.Boa- Em meu espírito voltou uma espécie de sentimento que parecia remorso,mas que não era.Cheguei ao ponto de lamentar a perda do animal e a procurar a minha volta outro da mesma espécie e bastante parecido que preenchesse o seu lugar.Certa noite,estava eu sentado meio aturdido,a minha atenção foi despertada por um objeto preto.Aproxime-me e toquei-lhe com a mão.Era um gato preto,enorme,tão grande como Plutão e semelhante a ele em todos os aspectos menos um.Este gato tinha uma mancha branca ,gr5ande mas indefinida que lhe cobria toda a região do peito.
RER- Como foi essa nova convivência?
Sr. Boa- Quando chegou em casa,adaptou-se logo e se tornou amigo da minha mulher. Pela minha parte não tardou em surgir em mim antipatia por ele.
RER- O Sr. Consegue explicar tal sentimento?
Sr.Boa – Não sei como nem porquê,a sua evidente ternura por mim desgostava-me e aborrecia-me.Lentamente,a pouco ,esse sentimento de desgosto e de aborrecimento transformaram-se na amargura do ódio.
RER- E o que Sr. Fez com essa situação?
Sr.Boa- Abstive-me ,durante semanas,de o maltratar,cheguei a nutrir por ele um horror indizível a fugir silenciosamente da sua odiosa presença.O que aumentou ,sem duvida ,o meu ódio foi descobrir ,na manhã do dia seguinte a tê-lo trazido ,que tal como Plutão ,tinha também sido privado de um dos seus olhos.
RER- E sua mulher, o que pensava sobre a coincidência?
Sr.Boa- Esta circunstancia,contudo ,mais afeição despertou na minha mulher.E Ela tinha-me chamado varias vezes a atenção para o aspecto da mancha de pêlo branco de que já falei.
RER- Foi difícil aceitar a presença do animal tão semelhante. Por que a marca que o diferenciava de Plutão o atormentava?
Sr.Boa- Durante muito tempo a minha razão lutou por rejeitar como fantasias. Mas, a imagem assumira, finalmente, uma vigorosa nitidez de contornos. Era agora a imagem de um objeto que me repugna mencionar, e por isso eu o odiava e temia acima de tudo. E um bruto animal cujo semelhante eu destruía com desprezo. Durante o dia o animal não me deixava um só momento. De noite, despertava dos meus pesadelos cheios de indefinível angustia.
RER- A entrevista esta quase terminando, e acredito que seja de seu conhecimento a verdadeira causa de sua prisão .Pois ,em meio a todas essas tentativas de livrar-se do animal , algo deu “errado”.Explique o que aconteceu.
Sr.Boa- Então,minha dedicada mulher ,era vitima mais usual e paciente das súbitas ,freqüentes e incontroláveis explosões de fúria a que então me abandonava cegamente.Um dia acompanhou-me,por qualquer afazer domestico. O gato seguiu-me nas escadas íngremes e quase me derrubou o que me exasperou até a loucura. Apoderei-me de um machado, e desvanecendo-se na minha fúria o receio infantil que até então tinha detido a minha mão, desferir um golpe no animal, que seria fatal se estivesse atingido como eu queria. Mas foi sustido diabolicamente pela mão da minha esposa.
RER -A intervenção da sua esposa o fez agir de forma inesperada? Até que ponto?
Sr.Boa- Enraivecido pela sua intervenção ,libertei o braço de sua mão e enterrei-lhe o machado no crânio.
RER- Diante desta ação o que lhe ocorreu fazer?
Sr.Boa- Consumado este horrível crime,entreguei-me e seguida ,á tarefa de esconder o corpo. Sabia que não poderia retirar de casa. Muitos projetos se atropelaram no meu cérebro, cheguei a pensar em cortar o corpo em pequenos pedaços e destrui-los um a um pelo fogo, ou metê-lo numa caixa como qualquer mercadoria e arranjar carregador para tirar de casa. Por fim, detive-me sobre o que considerei a melhor solução de todas. Decidi emparedá-lo na cave como, faziam os monges da Idade Média ás suas vitimas.
RER- O Sr. Pensou em todos detalhes para esconder o corpo?Como arquitetou tudo sozinho?
Sr.Boa- A cave parecia convir perfeitamente aos meus intentos.As paredes não tinham sido feitas com os acabamentos de costumes e,recentemente tinham sido rebocadas com um argamassa grossa que a umidade não deixara endurecer.Não duvidei que me seria fácil retirar os tijolos neste ponto,meter lá dentro o cadáver e tornar a pôr a taipa como antes,e modo que ninguém pudesse lobrigar qual quer sinal suspeito. Não me enganei nos meus cálculos. Quando terminei, vi com satisfação que tudo estava certo.
RER- Sua mulher, então foi a vitima “casual”, o seu objetivo era livrar-se o gato, certo?
Sr. Boa - Procurei o animal que tinha sido a causa de tanta desgraça,finalmente tinha resolvido matá-lo .Se o tivesse encontrado naquele momento,era fatal o seu destino.Quase me envergonho de admitir – sim,mesmo aqui, nesta cela de malfeitor,eu me envergonho de admitir- que o terror e o horror que o animal me infundia se viam acrescido de uma das fantasias mais perfeitas que é possível conceber.
RER- Após o crime contra sua esposa, o desaparecimento do gato, a polícia foi a sua casa. Havia indícios que o acusasse?
Sr.Boa- A culpa tenebrosa inquietava-me pouco.Fizeram interrogatórios que colheram respostas satisfatórias .Fez se inclusivamente uma busca ,mas,naturalmente ,nada se descobriu.Eu,porém,confiado na impenetrabilidade do esconderijo,não sentia qual quer embaraço .Nem u músculos tremeu.O meu coração batia calmamente como o coração de quem vive na inocência.Os agentes estavam satisfeitos e prontos para partir.
RER- A sua tranqüilidade, e a ordem da casa eliminaram qual quer suspeita, no entanto, os agentes disseram que o Sr. Mesmo denunciou o corpo dentro da parede.
Sr.Boa- Bati com força,com uma bengala que tinha mão,atrás a qual encontrava o cadáver da minha queria esposa.Mal tinha o eco das minhas pancadas mergulhado no silêncio,quando uma voz lhes respondeu de dentro do túmulo,como o choro de uma criança,que depois se transformou num prolongado grito,extremamente anormal e inumano.
RER- Neste momento a policia estava prestes a descobrir tudo. O que o Sr. Pensou em fazer?
Sr.Boa- Seria insensato falar dos meu pensamentos.Senti-me desfalecer e encostei-me a parede da frente.Tolhidos pelo terror e pela surpresa ,os agentes atacavam a parede.Esta caiu de um só golpe.O cadáver,já bastante decomposto e coberto de pastas de sangue,apareceu ereto aos circunstantes.
RER- Segundo os agentes, o gato estava também junto ao cadáver, porem vivo. Ao vê-lo na sua frente, o que lhe ocorreu?
Sr. Boa- Estava o odioso gato cuja astúcia me compelira ao crime e cuja voz me entregava ao carrasco.Eu tinha emparedado o monstro no túmulo.
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